Por FC Leite Filho
Autor de http://quemtemmedodehugochavez.com.br

O presidente Hugo Chávez partiu esta madrugada de Caracas para Havana, com um “hasta la vida siempre“, para receber outra facada contra o câncer. Atrás, deixou um rastro de especulações e intrigas, que só tendem a se intensificar, nesta fase final da campanha que vai eleger, no domingo, os 24 governadores de Estado. Enquanto os chavistas parecem coesos em torno da designação do vice-presidente Nicolás Maduro como o sucessor, a oposição, afundada em contradições e na perda de prestígio, depois do avanço relativo no pleito presidencial de há menos de dois meses, acusa o presidente de querer perpetuar-se no poder, mesmo em estado de saúde, que considera grave.

Incomoda sobremaneira os oposicionistas as manifestações populares, com o povo orando e chorando nas ruas em prol da saúde de seu líder, iniciadas pouco depois que Chávez revelou a necessidade de submeter-se a nova cirurgia. Os oposicionistas, à frente o candidato derrotado Capriles Radonski, cuja candidatura à reeleição como governador do Estado de Miranda não se encontra bem as pesquisas, chegaram a chamar a fala presidencial de “golpe eleitoral”, pois ele estaria “se aproveitando da boa fé dos populares.

Por sua vez, o presidente do Parlamento e do partido governo, o PSUV, Diosdado Cabello, um militar reformado detentor de liderança nas Forças Armadas, apesar de sua patente de capitão, avisou que o presidente continuará a governar de Havana, como ocorreu nos outros quase 300 dias que lá passou se tratando, desde a descoberta da doença. Diosdado, que acabava de anunciar a aprovação da licença para o presidente ausentar-se do país, foi secundado por uma declaração de apoio do Exército, Marinha, Aeronáutica, Força Pública e Milicia Bolivariana. Em seu nome, o ministro da Defesa, almirante Alfredo Molro leu declaração, afirmando que “a Força Armada Bolivariana da Venezuela reitera sua lealdade à pessoa do presidente, à revolução e ao povo”, acentuando que, “durante a ausência do mandatário, garantiremos com nossa própria vida a pátria socialista”.

O vice-presidente Nicolás Maduro, de seu lado, evita pronunciar-se, preferindo concentrar-se nas atividades administrativas, que passou a coordenar, desde o dia em que foi nomeado, em 12 de outubro ultimo. Homem de confiança de Chávez, Maduro também deverá ficar na ponte aérea CAracas-Havana, para atender pessoalmente o titular do cargo.

“Golpe eleitoral” – Tais manifestações têm irritado a oposição, que, mesmo concentrando em suas mãos cerca de 80% da audiência dos meios de comunicação, se sente isolada, discriminada e sob a ameaça de nova derrota. Por isso, passou a denunciar que o presidente Hugo Chávez está usando o agravamento de seu estado de saúde, para dar um golpe na eleição estadual do próximo domingo, 16 de dezembro. Para o professor Carlos Romero, da Universidade Central e um dos principais porta-vozes do anti-chavismo, Chávez veio, “principalmente, fazer campanha para seus candidatos nas eleições de domingo (dia 16)…E deu certo, porque o anúncio foi um xeque-mate para a oposição”. O professor, que fez as declarações ao site de O Globo, em matéria assinada pela jornalista Janaína Figueiredo, ainda se queixou que, “depois de uma campanha opositora desastrosa, o novo problema de saúde de Chávez aumentará ainda mais o grau de abstenção dos eleitores, principalmente dos antichavistas”. Ainda de acordo com Romero, “a oposição só tem a vitória garantida no estado de Mérida”, porque “não soube manter a unidade depois das eleições presidenciais”.

Quando à doença de Chávez, Romero fez esta apreciação: Se Chávez piorar muito, Cabello assumiria o governo e convocaria eleições em 30 dias. Se o presidente for empossado, em janeiro, e depois enfrentar problemas graves de saúde, o governo ficaria com Maduro, que deveria convocar eleições. Mas não podemos descartar que Chávez saia bem da cirurgia e continue no comando. O presidente é, neste momento, um paciente grave, mas não terminal. Tudo dependerá da cirurgia, que é delicada”. A tensão entre os políticos, não parecia refletir-se nas ruas da capital venezuelana, que pareciam tranquilas e voltadas para as atividades cotidianas, dois depois da fala de Chávez sobre sua doença, em cadeia nacional de rádio e TV.

Veja aqui a entrevista a O Globo

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