Quando fez o anúncio, domingo (28/03), do desembarque secreto do presidente Barak Obama, em Kabul, no Afeganistão, com o aeroporto totalmente às escuras, a Casa Branca não utilizou nenhuma televisão, rádio, jornal, site ou nota oficial. Foi direto ao Twitter, através de uma mensagem de 140 caracteres. Acompanhados dos devidos links, é claro, para os detalhes daquela viagem altamente arriscada, e assinada pelo secretário de imprensa, Robert Gibbs. Como Obama, outros governantes tem usado o microblog para fazer suas comunicações urgentes e outras não tão urgentes assim.
Mas, mais do que os comunicados oficiais, o Twitter, esta cobiçada ferramenta da net, tem sido objeto de disputas encarniçadas por governos e oposições, em países, como a França, onde o ex-premier Dominique de Villepin despacha seus petardos contra o presidente Nicolas Sarkozy, e até na nossa hermana Venezuela, onde o presidente Chávez se deu conta do seu poder “mortífero” da internet: “É como se fosse um fuzil, um canhão”, depois de anunciar que também vai fazer seu blog.

Colocado assim em termos de alta prioridade, não só na política (aqui, no Brasil, governo e oposição já ensarilham suas armas para a campanha eleitoral de 2010), como na geopolítica, o Twitter, como outras redes sociais, como Facebook e , my space etc., deixaram de ser simples brinquedos de jovens e namorados para tronar-se instrumento altamente valioso no jogo de poder.

A Venezuela é o caso mais intrigante. Veja-se a situação. De um país com níveis assustadores de analfabetismo e de pobreza absoluta, agora, depois de erradicar o analfabetismo, e diminuir em 20% a miséria, ganha, nesses 11 anos de Governo Hugo Chávez o privilégio de ser o país que mais tem internautas per capta na Aérica Latina, é campeonísimo no Tweeter e onde as lan-houses (os infocentros, que também dão aulas digitais para crianças e adultos) são gratuitas e atingem os mais recônditos grotões do país. Atualmente, há 668 unidades no Projeto Infocentros. Chávez disse que esses centros têm capacidade para servir mais de 2 milhões de pessoas por ano, o que permitiu chegar a 10 milhões de usuários até 2009.
Só que tem um problema para o governo: 70% da rede mundial e um pouco mais do Twitter, tem sido massivamente utilizado para combater e conspirar contra o governo. Diante desta situação, só agora detectada pelos articuladores oficiais, Chávez decidiu jogar todo o seu peso de comunicador, até aqui midiático, para atacar de internet, e de Twitter, evidentemente. O que ele pretende fazer? Bom, ele já deu o grito de guerra no seu programa tele-radiofônico e há algum tempo, transmitido ao vivo pela internet, “Alô, Presidente”, no último dmingo:  “A internet é uma trincheira na luta, porque há uma conspiração atualmente se construindo. É como se eles tivessem uma arma, um canhão”, afirmou. Chávez pediu aos seus partidários que se tornem, também, “soldados” na internet.

A princípio, a ofensiva presidencial foi tomada como mais um arroubo do comandante-presidente, mas na terça-feira, quando a Telesur, o canal multiestatal com sede em Caracas “furou” todas as TVs mundiais, apresentando as imagens do sargento Moncayo, libertado pelas FARC, depois de 12 anos como refém, passou a ser temida pelos críticos. O governo da Colômbia, arquinimigo dos chavistas, acusou o governo venezuelano de estar fazendo propaganda das FARC, ao divulgar aquelas imagens. Mas soube-se depois que as mesmas imagens, enviadas por email, tinham ido também para a Rádio Televisión Espanhola, Ecuavisa, Telesur y Noticias Uno, como confirmou esta última.

Seja como for, o fato é que o governo ficou alerta e não se dispõe a cruzar os braços diante de uma enorme estrutura que montou para servir os venezuelanos na internet e que inclui ainda o projeto Canaima que proporciona treinamento integral de crianças, através de formação intensiva de professores, utilização do satélite, construído em parceria com a China. É toda uma infra-estrura, facilitada pela nacionalização das telecomunicações e construção de redes de fibra ótica,” visando romper os limites das classes tradicionais, com a introdução de elementos visando a estimular a criatividade, o pensamento crítico e as pesquisas”. Enquanto isso, o Twitter vai faturando…

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