A busca do equilíbrio entre o “eu” e o “outro”, pela orientação da astrologia, deve ter inspirado o cineasta turco, radicado na Itália, Ferzan Oztepeck, a realizar Saturno Em Oposição, no qual ele expõe, baseando-se, ao que tudo indica, em fatos reais, a vida de um grupo de amigos, na faixa dos quarenta anos que, embora bem situados do ponto de vista econômico, se sentem frustrados em suas aspirações sentimentais.

O roteiro, que ganhou o prêmio Nastro d´Argento, é um tanto esquemático e superficial. Foi escrito por Oztepeck (O Primeiro Que Disse, 2010), em colaboração com Gianni Romoli. O filme, de 2007, de linguagem naturalista, assume a característica de drama familiar na medida em que as personagens gravitam em torno de um casal gay – Davide (Pierfrancesco Favine) e Lorenzo (Luca Argentero) -, que vive aparentemente bem, em contraste com outro – Antonio (Stefano Accorsi), bancário, e Angelica (Margherita Buy), psicóloga -, reconstituído de Um Amor Quase Perfeito (2001), que está prestes a se separar pelo interesse dele por uma florista, Laura (Isabella Ferrari).

O grupo é formado ainda por outro casal heterossexual, enfastiado – Roberto (Filippo Timi), policial, e Neval (Serra Yilmaz), tradutora turca-, por Roberta (Ambra Angiolini), amiga de Lorenzo, e por Sergio (Ennio Fantastichini), editor, ex-namorado de Davide, que, entretanto, não sai de sua cola. Ao início, Lorenzo, o narrador, tido como un bel ragazzo, experimenta certa inquietação ante o aparecimento, no meio da comunidade, de um amigo de Roberta, o médico recém-formado Paolo (Michelangelo Tommaso), por quem ele se interessa, mas que logo desaparece.

Davide, escritor de sucesso, parece ser o mais ponderado e conciliador de todos. Por isso, involuntariamente, exerce certo tipo de liderança. Ele e Lourenço, arquiteto empreendedor de restauração de antigos edifícios, gostam de receber os amigos em sua casa, que, assim, está sempre alegre e movimentada. Os mais constantes são: Roberta, que, quando não está sob efeito das drogas, se dedica à astrologia – e que, em vista disso, penso eu, deveria ser a narradora -, e Sergio, meio posto de lado pelos demais, já que tem idade mais avançada.

Mas, como acontece em algumas famílias, os integrantes da comunidade liderada por Davide, que passam muito tempo juntos, se desgastam, criando, às vezes, tensões entre eles. Quando Lorenzo, o mais assediado por todos, sofre um aneurisma, o espírito de solidariedade toma conta de seus companheiros. Em conjunto ou de forma isolada, todos eles passam a fazer vigília no hospital, tendo contato, enquanto isso, com uma enfermeira, Marta (Milena Vukotic), que, pela experiência adquirida na luta diária contra a morte, procura conscientizá-los sobre o sentido de transitoriedade das coisas da vida. Logo, chega, do interior, Vittorio(Luigi Diberti), pai de Lorenzo, que deseja se inteirar de tudo sobre a vida do filho, de seus negócios e dos que o cercam.

Se o roteiro não se aprofunda em nada, a linguagem de Oztepeck, bem elaborada, envolvente e pontuada por trilha sonora de Giovanni “Neffa” Pellini, constituída de canções românticas, supre-lhe a deficiência. Além disso, o trabalho do elenco, liderado pela magnífica Margherita Buy ( Nastro d´Argento de Melhor Atriz), confere categoria à película, que tem também elegante ambientação e bela fotografia de Gianfilippo Corticelli. Entre os demais atores se destacam; Ambra Angelini, como Roberta (Nastro d´Argento de Melhor Atriz Coadjuvante); Pierfrancesco Favino, como Davide; Stefano Accorsi, como Antonio, e os veteranos Milena Vukotic, como Marta, Luigi Diberti, como Vittorio, e Ennio Fantastichini, como Sergio. A participação mais apagada é, lamentavelmente, a de Filippo Timi, como Roberto, que teve atuação marcante como Benito Mussolini, em Vincere, de Marco Belocchio.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
ROTEIRO, Brasília, Revista
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FICHA TÉCNICA
SATURNO EM OPOSIÇÃO
SATURNO OPOSTO
Itália – 2007
Duração -110 minutos
Direção – Ferzan Oztepeck
Roteiro – Ferzan Oztepeck e Gianni Romoli
Produção – Tilde Corsi e Gianni Romoli
Fotografia – Gianfilippo Corticelli
Música – Giovanni “Neffa” Pellini
Edição – Patrizio Marone
Elenco – Stefano Accorsi (Antonio), Margherita Buy (Angélica), Pierfrancesco Favino (Davide), Ambra Angiolini (Roberta), Luca Argentero (Lorenzo), Isabella Ferrari (Laura), Luigi Diberti (Vittorio), Serra Yilmaz (Neval), Ennio Fantastichini (Sergio),
Filippo Timi ( Roberto) e Michelangelo Tommaso (Paolo).

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